Guitarra Erudita e o Cromatismo

Por Júlio Vallim


Começo esse novo artigo no Guitar Coast - aliás, é um prazer estar por aqui - com o tema cromatismo na música erudita.  Uma das técnicas mais poderosas da guitarra, a palhetada alternada, aliada ao cromatismo, resulta em uma sonoridade de forte pegada.

O cromatismo requer tons e semitons agrupados. Parece fácil, mas tente e verás... Escolhi a música Voo do Besouro (The Flight of the Bumblebee), grande hino de alguns guitarristas instrumentais (peça escolhida nas competições do Guinness Book para velocidade na guitarra) como Petrucci, Malmsteen, Paul Gilbert e por aí vai.

Primeiro, devemos observar a palheta: toque com a ponta da palheta nas cordas. Isso assegura mais leveza no ataque, ficando assim o som mais limpo, o que é fundamental para o bom guitarrista. Procure fazer o movimento do pulso leve, isto é, pequeno, quanto mais se consegue controlar esse movimento, melhor. A mão direita deve ficar bem arqueada, utilize a ponta dos dedos, o que nos facilita a ter uma maior velocidade na troca de cordas.

Cromatismo

Bom, mas o que seria cromatismo?  O cromatismo consiste em tocarmos, de forma ascendente ou descendente, semitons agrupados em sequência. Podemos contextualizar da seguinte maneira: Os cromatismos são geralmente estruturados como frases musicais compostas de notas cromáticas, com a intenção de gerar tensão melódica ou harmônica, prolongando o desenvolvimento tonal e adiando a resolução melódica.

O cromatismo por modulação progride melodicamente, passando por melonotas cromáticas antes de retornar às notas da tonalidade original ou de assumir uma nova tonalidade. Isso prolonga a tensão natural da cadência melódica. Nas formas harmônicas são utilizadas notas pertencentes a acordes de função dominante ou subdominante secundários ou auxiliares, ou a acordes da relativa menor/maior da tonalidade original (empréstimo modal). Em geral, o cromatismo está associado à utilização de alguma forma de dissonância.

Como elemento de modulação já era parte integrante da música tonal desde sua sistematização. Nos dois volumes do "Cravo Bem Temperado", Bach utilizou todas as 12 tonalidades maiores e menores, demonstrando a relação do campo tonal ao campo cromático por meio das modulações e transposições. 

À medida que os compositores da segunda metade do século XIX expandiram os conceitos da música tonal, com novas combinações de acordes, tonalidades e recursos harmônicos, a escala cromática e os cromatismos se tornaram mais frequentes. Como elemento expressivo, esta técnica encontrou seu auge no final do Romantismo, com Franz Liszt, Gustav Mahler e Richard Wagner. Um dos melhores exemplos do papel expressivo do cromatismo é a ópera Tristão e Isolda, de Wagner.

A utilização cada vez mais acentuada do cromatismo é apontada como uma das causas principais do rompimento com a tonalidade pelos compositores do início do século XX, que levou ao desenvolvimento da música dodecafônica e da música serial. Embora o cromatismo possa ser utilizado como uma forma dramática de prolongar a tensão tonal, ele também pode ser utilizado como uma forma de romper com a estrutura hierárquica da escala diatônica e criar composições que não possuem um centro tonal nem atingem nunca um repouso, no sentido utilizado pela música tonal.

Além da música erudita, o cromatismo também é utilizado frequentemente no jazz, blues, choros e em alguns outros gêneros populares.

O VOO DO BESOURO


The Flight of the Bumblebee (O Voo do Besouro) é um interlúdio musical famosíssimo, caracterizado principalmente pela sua velocidade e pelos seus diversos cromatismos, composto entre 1899 e 1900 pelo militar, professor e compositor russo Nikolai Andreyevich Rimsky-Korsakov para a ópera A Lenda do Tzar Saltan.

Autor: Júlio Vallim

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