2 Lições Fundamentais Sobre Acordes no Violão

Por Emiliano Gomide


Com conhecimento, tudo faz sentido 

Eu fico impressionado com a quantidade de músicas novas lançadas todos os anos, de vários países e estilos musicais. Como é possível criar tantas músicas diferentes? Será que ainda há boas músicas para serem criadas? Essas duas perguntas tem me instigado desde que comecei a gostar de música. Depois de estudar guitarra e violão por anos, comecei a obter respostas e percebi que até as músicas mais complexas vinham de coisas bem simples: escalas, acordes e campos harmônicos.

Aprendi que, para fazer música, é preciso saber combinar acordes em ritmos marcantes e com boas sequências, em versos e refrões. Entendi que a melodia precisa andar junto com os acordes. Mas tudo só começou a fazer sentido depois que aprendi duas importantes lições, que vou explicar agora. Você verá por que o conhecimento dos acordes é tão importante e como tudo se conecta de uma forma surpreendentemente simples.

1ª Lição – Acordes são feitos das notas de uma ESCALA

Todo acorde tem, pelo menos, 3 notas, escolhidas a partir de uma regra: cada nota do acorde deve ser uma das 7 notas da escala que está sendo usada, isto é, da mesma tonalidade.

As 4 escalas essenciais são:
            1 – Escala Maior
            2 – Escala Menor
            3 – Escala Menor Harmônica
            4 – Escala Menor Melódica

Obs: neste artigo, vamos usar a Escala Maior como exemplo, mas o raciocínio é o mesmo para todas as escalas.
Essa regra de as notas dos acordes serem notas de uma escala existe por uma questão de Harmonia, que é a arte de combinar sons. Quando duas notas combinam, dizemos que elas são consonantes. É aí que as tríades entram. Tríades são os acordes mais consonantes que existem. A partir delas, são criados praticamente todos os outros acordes. Uma tríade possui 3 notas da escala, mas não são 3 notas escolhidas aleatoriamente. São 3 notas que, quando tocadas juntas, formam uma combinação altamente consonante:

- A Fundamental (1ª), que é a nota mais grave e dá nome ao acorde;                          
- A 3ª (a 2 notas de distância da 1ª). Diz se o acorde é maior ou menor;            
- E a 5ª (com uma distância de 4 notas da 1ª).

(Experimente testar outras notas. Você verá que não existe nenhuma combinação de 3 notas de uma escala que seja mais consonante que esta!)
Vamos ver um exemplo na escala de Dó Maior, que consiste nessas 7 notas: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. Nela, podemos construir 7 tríades, uma para cada nota.



Uma tríade começando com Dó, é formada pelo próprio Dó (1ª), seguida do Mi (3ª) e o Sol (5ª). Como o intervalo entre a 1ª e a 3ª de 4 semitons caracteriza uma terça maior, o acorde é chamado “Dó Maior”. 
Para formar as tríades das outras 6 notas, é só seguir o mesmo passo-a-passo:

1 - Escolhemos uma nota para ser a Fundamental;                                                       
2 - Pulamos uma nota para achar a Terça;                                                              
3 - Pulamos outra nota para achar a Quinta.
Por exemplo, na tríade de Ré, a 3ª é o Fá e a 5ª é o Lá. Como a 3ª é menor (por haver apenas 3 semitons entre o Ré e o Fá), o acorde é chamado “Ré Menor”. Ou seja, é uma tríade menor.

Existem 4 tipos de tríades possíveis de serem montadas a partir das escalas maior e menor:

·  Tríade maior: um intervalo de 3ª maior e um intervalo de 5ª justa.
·  Tríade menor: um intervalo de 3ª menor e um de 5ª justa.
·  Tríade diminuta: um intervalo de 3ª menor e um de 5ª diminuta.
·  Tríade aumentada: um intervalo de 3ª maior e um de 5ª aumentada.

Na maioria das músicas que tocam nas rádios, os acordes costumam ser Tríades Maiores ou Tríades Menores, pois são os mais consonantes.

Também existem outros acordes
A tríade é a base para a formação dos acordes consonantes. A partir delas, outras notas podem ser adicionadas para dar uma “temperada” no acorde. Por exemplo, pode-se criar acordes “com sétima”, que possuem 4 notas (uma tríade adicionada de uma 7ª). Também temos os acordes “com inversão”, que invertem a ordem das notas da tríade. Mas o importante é que a forma de criá-los é a mesma: pegamos uma escala e escolhemos as notas que fazem sentido combinar. 

Note que nem todos os acordes são consonantes. Alguns acordes são chamados de dissonantes, pois possuem notas que não combinam tanto. Eles são amplamente usados na bossa nova. Mas dissonância não quer dizer falta de beleza. Uma dissonância bem usada é muito bonita. Saber usá-la é uma arte.


2ª Lição – Acordes da mesma família formam um Campo Harmônico

Como acabamos de ver, a escala é a “mãe dos acordes”, pois é ela que fornece as notas. E, como há várias escalas, há vários acordes. Porém, os acordes oriundos da mesma escala formam uma família, pois têm o mesmo DNA, que são as notas em comum. Esses acordes “irmãos” tem uma harmonia entre eles. Isto é, eles são do mesmo Campo Harmônico.



O conhecimento dos Campos Harmônicos é muito relevante, pois são eles que possibilitam criar músicas, sejam elas de baixa complexidade ou de alta complexidade, tocadas por uma banda de rock de apenas 3 instrumentos ou por uma orquestra de 50 instrumentos. O Campo Harmônico de uma escala ajuda a saber quais acordes devem ser utilizados em uma música e a compreender as possibilidades de combinação desses acordes. Com isso, você pode inventar suas próprias músicas e criar solos interessantes, além de desenvolver uma facilidade absurda para tirar músicas de ouvido.

Mas o que é um Campo Harmônico?

Campo Harmônico é um conjunto de 7 acordes que estão em sintonia uns com os outros. São justamente os 7 acordes mencionados na 1ª lição, que são formados a partir das notas de uma mesma escala musical. No nosso exemplo da escala de Dó Maior, temos esses 7 acordes:

1º grau – Dó maior
2º grau – Ré menor
3º grau – Mi menor
4º grau – Fá maior
5º grau – Sol maior
6º grau – Lá menor
7º grau – Si menor com 5ª diminuta

O legal é que esse padrão acima se repete para qualquer escala maior. Assim, sabemos que, não importa qual seja a nota fundamental do Campo Harmônico, o acorde do 1º grau sempre será maior, o 2º grau sempre será menor, e assim em diante, de acordo com o exemplo acima. Com isso, fica fácil descobrir quais são os acordes de cada Campo Harmônico. No caso das outras escalas (Menor, Menor Melódica e Menor Harmônica), os padrões são ligeiramente diferentes, mas seguem a mesma linha de pensamento.

Cada acorde no Campo Harmônico possui uma Função Harmônica

Podemos estabelecer um papel para cada um dos 7 acordes num Campo Harmônico, a partir da sensação auditiva que cada um deles proporciona ao ser tocado numa música.  Chamamos esse papel de função harmônica. Existem três funções harmônicas:

TÔNICA – Acordes com esta função dão a sensação de repouso e estabilidade. Ele é ótimo para ser um acorde final numa sequência de acordes, pois é como um ponto de descanso.

 DOMINANTE – Acordes com esta função dão sensações de tensão e atração, criando a expectativa de que algo acontecerá na música nos próximos compassos. Esse acorde é bom para fazer uma preparação antes de fazer o movimento de retorno à Tônica.

SUBDOMINANTE – Acordes com esta função dão uma sensação de abertura, de que, a partir dali, a música tem várias possibilidades.

Cada grau da escala exerce uma dessas 3 funções, sendo uns mais marcantes que outros:

1º grau – TÔNICA. Exerce essa função de forma muito marcante
2º grau – Subdominante. Exerce essa função de forma pouco marcante
3º grau – Tônica ou Subdominante, dependendo do contexto.
4º grau – SUBDOMINANTE. Exerce sua função de forma muito marcante
5º grau – DOMINANTE. Exerce essa função de forma muito marcante
6º grau – Tônica. Exerce essa função de forma pouco marcante
7º grau – Dominante. Exerce essa função de forma pouco marcante

Continue explorando, continue aprendendo

Deixo como sugestão que você continue pesquisando sobre escalas, acordes e campos harmônicos. É um assunto fascinante. Quanto mais você entende, mais interessantes os acordes ficam e, consequentemente, mais fácil fica de lembrá-los sem precisar decorá-los. Aos poucos, você se tornará capaz de criar músicas bonitas e coerentes. Existem milhões de possibilidades. O céu é o limite. Se quiser ver toda essa teoria sendo colocada em prática, é bem simples. Basta escutar suas músicas favoritas.

Autor: Emiliano Gomide

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