Guitarras de Luthiers x Guitarras de Fábricas

Por Júlio Vallim
GuitarCoast


Minha guitarra feita pelo luthier Fialho

Cada vez mais o número de guitarras fabricadas por luthiers têm aumentado no mercado. Por quê? Existem tantas marcas famosas - algumas excelentes/ outras que aproveitam seu nome e lançam todo tipo de "coisa" a fim de aumentar seu número de modelos no mercado. Quais seriam as diferenças? Quais os prós e contras de se comprar uma guitarra fabricada por um luthier em vez daquela guitarra que já tem o nome tão conhecido no mercado musical? Bom, vou escrever aqui uma matéria que traz minha opinião pessoal, além de pesquisas e o resultado de conversas com luthiers conhecidos do Sul e do "papo" com guitarristas que usam tanto guitarras de luthiers como as de marcas famosas.

Sobre a minha experiência pessoal: já tive guitarras Jackson da década de 80, Jackson Indy, Fender Strato, Squier Surf, Dean Ressurrection, Ibanez Jem 777, Ibanez Prestige, Ibanez Jem Floral, Ibanez Jem Acrílica,  Wolfang, ESP LTD Les Paul, Yamaha natural, Yamaha pacífica e Yamaha Sonare, Eagle das novas - 7 cordas - além de ter começado a tocar em uma Jennifer, depois partir para uma Dickinson, após, uma Giannini e Tonante (hehehe...normal, é o caminho). Tive outras que nem usei, apenas testei e logo as vendi: totalizando umas 22 guitarras. Toquei metal, rock, pop, erudito, blues e um lance meio rap-metal. Nelas usei captadores Di Marzio de vários modelos, Seymour Duncan idem, algumas experiências com Gibsons e outros, mas os que realmente prefiro são os Seymour Duncan Allan Holdsworth , os vintage 59 e Di Marzio. Tive guitarras com diversos tipos de madeira, o que me levou a estudar muito a fundo esse assunto (há uma matéria no site que escrevi sobre o tema), até ter a preferência por Mogno, Cedro e Jacarandá.

Hoje uso as Ibanez Jem e duas guitarras construídas por luthiers: uma Dragon Strato, fabricada pelo Luthier e artista plástico Tom Dias, de Minas Gerais (muito boa, pois ele traz aspectos diferentes, como ferragens de ponte e trastes em aço inox, que acrescentam uma sonoridade médio-aguda muito boa ao instrumento, madeiras como jacarandá do Pará e Tauari branco, e faz um trabalho de escultura em suas guitarras, talhadas diretamente no corpo do instrumento). Realmente são peças únicas. E uso também uma guitarra do Luthier Fialho, do Rio Grande do Sul, também um grande mestre da luthiaria, usa cedro, jacarandá, mogno.

Guitarra de Luthier

O importante na fabricação e compra de uma guitarra com um luthier é o fator pessoal: obter informações sobre o luthier escolhido. Deve ser um cara com um bom currículo, ou seja, conheça instrumentos fabricados pelo mesmo. O ideal é ver e testar alguns de seus instrumentos.

Depois vem o processo de escolha: expresse de maneira muito detalhada o que quer ao seu luhtier, desde o tipo de timbre que procura até o modelo de braço, medidas, trastes, headstock...após detalhar os aspectos da estrutura física do instrumento vem a escolha da madeira, aí o melhor é escolher as madeiras melhores - o que encarece o valor final, mas é óbvio, procuramos uma guitarra superior as de fábrica, inclusive. A escolha da madeira depende do tipo de timbre que o músico quer, mas não adianta ir em luthier e comprar guitarra com MDF ou Maple, né?! Acho importante usar mogno, cedro, ébano, tauari branco ou jacarandá.

 Minha guitarra feita pelo luthier Tom Dias

A parte da captação e ferragens fica à escolha do comprador, pois aí pode tornar sua peça única, atingindo os propósitos que quer. É crucial pensar muito em como pretende que o instrumento soe, e assim escolher as peças certas para estruturar seu instrumento. Por exemplo, um par de captadores Di Marzio paf pro no braço, combinado com a captação da ponte, pode fazer com que o timbre fique bem "maleável", sendo possível tirar um som igual ao de Van Halen, ou um timbre mais "encorpado" como o de SRV. Eu sugiro uso de Seymour Duncan Allan Holsworth na ponte, mas isso vai de cada um, o certo é que a maior vantagem de uma guita de luthier é esta: estruturar uma peça a seu gosto e única, fator quase impossível de se achar elaborado em um instrumento de fábrica.

Os valores podem variar muito, isso vai depender da escolha dos componentes, mas em torno de R$2.400,00 a R$3.500,00 é possível montar uma guitarra de primeiríssima linha - profissional. Quando comparamos ao valor de uma guitarra de mesmo naipe, produzida em fábrica, vale muito a pena, pois quanto custa uma Ibanez Jem? Ou uma Wolfang VH? Uma Gibson Les Paul? Todas as citadas estão acima deste valor em loja. Afirmo convicto que com R$3.500,00 - R$5.000,00 você monta uma guitarra de qualidade tão boa quanto essas (corpo em Jacarandá, escala em Ébano, ferragens Gotoh, bons captadores como Di Marzio ou SD., Além de escolher a cor, pintura, brilho ou fosca, natural. Por que essa diferença?

Uma Ibanez Jem, Fender Malmsteen ou Wolfang pode custar entre R$5.000,00 - R$15.000,00. A diferença está na logomarca, é óbvio, tem toda a história de uma fábrica por trás, importação, valor de signature em alguns modelos, etc. O fator signature, isto é, trazer a assinatura e o nome de um guitarrista famoso, agrega muito valor a uma peça, com certeza, justo. Não estou aqui querendo desmerecer de modo algum uma peça de fábrica: as citadas e tantas outras são excelentes, óbvio! Estou apenas elaborando uma reflexão sobre o custo/benefício em se montar uma guitarra com um luthier, pois muitos perguntam o porquê do valor alto às vezes, em uma revenda, quando se trata de um instrumento de luthier.

Vantagens e Desvantagens

Em relação à revenda: se você tem uma Gibson, uma Ibanez ou uma Fender em bom estado, o próprio nome já traz certo valor e todos já conhecem, seja um músico novato ou experiente e por isso a revenda pode ser muito mais rápida; quando você tem uma guitarra de luthier o valor não se perde, pois as peças e o material estão ali, mas nem todos conhecem. Então, no caso de revenda você pode demorar mais tempo até achar o comprador certo. A questão é que uma guitarra a sua medida, bem estruturada e fabricada por um luthier talentoso, vai durar a vida toda, com a máxima certeza. A minha Fialho tem 20 anos, até a madeira ainda cheira com "ar de novo", ela é natural, então não tem aquela "envelhecida" na pintura, o que acontece com muitas guitarras de fábrica.

Após conversar com vários luthiers, e com muitos guitarristas que utilizam um instrumento elaborado dessa forma, obtive respostas de 100% de satisfação, muitos têm em casa também um instrumento de logomarca de fábrica, mas nenhum se arrepende do investimento em uma guitarra, baixo ou violão de luthier.  No Brasil temos muitos luthiers com enorme talento, em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro não é difícil achar um bom luthier.

Autor: Júlio Vallim


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